Escrito por Rachel Andrade
Muitos estudantes que ingressam no curso de Direito sonham em embarcar na carreira jurídica atuando principalmente como advogados. E dentro das diversas possibilidades que a advocacia pode oferecer, uma delas é a área do direito trabalhista. O campo é responsável por defender e garantir a aplicação das leis trabalhistas, seja em relação ao empregado ou ao empregador.
E aproveitando que nesta segunda-feira (20) é comemorado o Dia do Advogado Trabalhista, confira algumas curiosidades que vão deixar você com mais vontade de ingressar na área!
Ciência social
Segundo o professor de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Diego Nieto, para ingressar na área trabalhista é preciso, antes de mais nada, ter interesse em causas sociais. “Para ser um advogado trabalhista, o primeiro critério é desenvolver, até na faculdade mesmo, um apego ou um interesse, uma atração pela área social, porque o direito do trabalho é uma ciência social. Muitos dos clientes do advogado trabalhista, a grande maioria, de alguma maneira, tem uma demanda social, um problema social. Um problema de acidente de trabalho, que é algo que afeta a individualidade e tudo, mas obviamente tem uma reparação social. O problema de jornadas longas, de adoecimentos, às vezes questões sindicais envolvida. Então todos esses detalhes acabam de alguma maneira tendo uma repercussão social”, ele analisa.
De acordo com o docente, é fácil identificar com quem se interessa por essa área ainda na graduação. “Se o aluno já gosta um pouco desse tema de movimentos sociais, ou se interessa por sindicatos ou pelas lutas coletivas, desde a faculdade, a tendência é que ela goste do direito do trabalho, e que queira, futuramente, ser um advogado trabalhista”, ele complementa.
Vantagens de ingressar na área
E certamente a área trabalhista no direito tem várias características positivas, como explicita Diego Nieto. “Um ponto muito interessante, que atrai muitas pessoas à advocacia trabalhista é que, primeiro, existe uma procura pela área no Exame de Ordem. A prova da segunda fase, principalmente, é uma procura bem relevante para o direito do trabalho, então existem muitos cursos preparatórios disponíveis, e isso acaba atraindo bastante as pessoas a estudar para a prova de trabalho. O segundo ponto é que você tem, querendo ou não, assuntos que são muito do dia-a-dia: FGTS, questões sobre a carteira assinada, banco de horas, férias, enfim, todos esses assuntos um tanto corriqueiros. São direitos que estão muito impregnados na nossa rotina, e isso traz uma certa atração pela matéria e provavelmente depois para a pessoa advogar”, ele pontua.
Alta concorrência
No entanto, nem tudo são flores na carreira, e é preciso ficar atento a alguns pontos de atenção. O mais crucial, segundo o professor, é a alta taxa de concorrência, tendo em vista que muitos bacharéis em direito recém ordenados advogados buscam a área trabalhista para atuar, geralmente por ser fácil de captar clientes no curto prazo. “Certamente existem muito mais advogados trabalhistas do que, por exemplo, advogados tributaristas. Eu não saberia dizer ao certo aqui o número mas obviamente o apelo é maior, o acervo de cliente, teoricamente, é maior. São nichos mais abertos, mais procurados. Um jovem que se forma na área tributária, por exemplo. Existem grandes escritórios tributaristas muito bons. É uma área muito técnica, que certamente vai requerer um estudo de maior tempo e provavelmente não vai ter uma facilidade de captação tão imediata. Então isso pode ser uma desvantagem daquela área, né? Hm-huh. Apesar que também pode ser uma vantagem daquela área no sentido de que se você se especializa, você também se valoriza mais. Mas na área trabalhista você tem então essa desvantagem de ter muito advogado, mas você tem também a vantagem de uma captação muito maior” defende o docente.
Expectativa salarial
Muito se fala que ingressar na carreira da advocacia significa ganhar rios de dinheiro desde o começo. No entanto, é necessário ter em mente que o sucesso é construído aos poucos, como explica o docente. “No Brasil, existe uma dificuldade para o advogado inicial. Geralmente os advogados no início não conseguem ter uma rentabilidade interessante. A não ser que ele já tenha ou herde alguma carteira de clientes, alguma coisa nesse sentido. Mas geralmente ele vai trabalhar em um escritório, e geralmente as remunerações não são tão satisfatórias, para quem estudou, fez um curso. Infelizmente é um problema da advocacia brasileira. Mas com o longo prazo, e obtendo uma carteira, você vai tendo um volume de causas que vão lhe dar uma remuneração mais interessante. Mas como eu falei, isso tudo depende do tempo, do grau de dedicação, do nicho, de estratégias também”, comenta o docente.
Vocação para a vida toda
Por fim, é preciso entender que qualquer área de atuação profissional vai exigir dedicação e vontade, para assim o sucesso ser alcançado, como diz Nieto. “Eu costumo dizer que o bom advogado trabalhista é aquele que gosta, que estuda, que mesmo neste universo de muitos colegas, de muita concorrência, ele certamente vai conseguir um espaço interessante. Mas acima de tudo eu acho que o primeiro lugar tá em gostar. Acho que em toda carreira, de um modo geral, você tem que gostar, porque terão dias difíceis. Então de certa maneira você tem que ter um certo apego, um certo amor, pelas causas sociais, entender que você vai atender pessoas, comenta o professor.
E ele continua: “Se você for advogado principalmente para reclamante, que são trabalhadores, existem muitos trabalhadores no Brasil com um nível cultural baixo, então você tem que ter muita paciência. ‘Ah mas se eu só vou advogar para empresa”, mas nem toda empresa é uma multinacional, então você também vai ter dificuldade com empresas que muitas vezes são desorganizadas. Então todos esses são desafios reais da profissão que vão exigir de você um certo amor pela carreira, se não provavelmente a carreira não vai decolar”, aconselha Diego Nieto.
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