
Em 1994, durante a Conferência Mundial sobre Educação Especial em Salamanca na Espanha, foi elaborado o documento que ficou conhecido como Declaração de Salamanca. Esse texto veio para consolidar mundialmente a educação inclusiva. Através dele foi ampliado o conceito de educação especial, passando não só a tratar das crianças que possuem algum tipo de deficiência, mas também aquelas que repetem com frequência os anos escolares, vivem nas ruas ou são obrigadas a trabalhar.
No entanto, a sociedade não deixou de possuir uma dívida histórica com as pessoas com deficiência. De acordo com o professor de Educação Física Adaptada e Educação Inclusiva da UNG, Jorge Marcos, especialista no atendimento de pessoas com deficiência, “os deficientes por muitos anos foram mantidos por seus familiares longe do convívio social, o que caracterizou como sendo de responsabilidade exclusiva da família”.
É justamente a partir de 1994 que se “passou a olhar para esse deficiente em uma perspectiva mais inclusiva, construindo novas reflexões em relação a esse público e principalmente o desenvolvimento de ações mais efetivas”. As aulas de Educação Física constituem um dos espaços para inclusão educacional. Entenda como funciona a integração de pessoas com deficiência através da atividade física!
O que é Educação Física Adaptada
O profissional de Educação Física pode atuar profissionalmente de várias formas. O trabalho de inclusão de pessoas com deficiência nas aulas de Educação Física é feito através da aplicação da Educação Física Adaptada. Essa subárea foi implantada pelo Conselho Federal de Educação na formação profissional a partir de 1987. Ela consiste em manter os mesmos conteúdos trabalhados entre os alunos, modificando os meios de acesso à prática pelas pessoas com deficiência. As aulas são ministradas em um espaço educacional regular.
A prática da Educação Física Adaptada, conforme Jorge Marcos, ainda não é aplicada por alguns profissionais que temem não estar preparados para isso. No entanto, ele destaca que “estamos caminhando em relação a uma prática inclusiva mais consistente, porém se faz necessário uma maior conscientização da sociedade em relação ao potencial das pessoas com deficiência”.
Educação Física traz múltiplos benefícios
Em alguns casos, é possível que as aulas de Educação Física cooperem para o tratamento e recuperação da pessoa com deficiência. Além disso, esse também é um espaço para que sejam estabelecidos vínculos afetivos entre alunos que apresentem ou não deficiência, desconstruindo a ideia de incapacidade das pessoas com deficiência.
“O professor de Educação Física tem papel fundamental nesse processo, pois temos a oportunidade nas nossas aulas de promovermos o desenvolvimento global desse aluno com deficiência e ainda trabalharmos a diferença, pois cada ser é único e o seu desenvolvimento depende em especial das oportunidades que lhes são oferecidas”, ressalta o professor.
Paralimpíadas
O Brasil foi destaque nas Paralimpíadas que ocorreram no Rio de Janeiro em 2016. Isso não se deu só por ser o país sede, mas por ter sido o ano em que as equipes e atletas brasileiros de modalidades adaptadas subiram mais vezes ao pódio. No total foram 72 medalhas, 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze, fazendo com que o Brasil ocupasse o 8º lugar no ranking da competição.
Jorge Marcos ministra a disciplina de Esportes Paralímpicos e já chegou a levar atletas da Seleção Brasileira Paralímpica de Atletismo para dar palestra em uma de suas aulas. Ele coloca que o movimento paralímpico é o ponto mais alto que um atleta com deficiência pode alcançar. “Contudo, esse caminho só será alcançado com a iniciação desportiva que ocorrerá na educação física adaptada”. Jorge pontua que esse modelo de atividade física corresponde ao primeiro contato da pessoa com deficiência e o esporte. “É de fundamental importância que o professor tenha conhecimento em relação à deficiência apresentada, mas, acima de tudo, das reais possibilidades que esse aluno apresenta”.
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