
Entre os dias 20 e 24 de março, mais de noventa jovens com Síndrome de Down participaram das oficinas gratuitas disponibilizadas pela Universidade UNG. O projeto nasceu para contribuir com as discussões e necessidades destas pessoas, em apoio ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março.
A instituição, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Mogi das Cruzes, ofertou cursos com duração de três horas sobre gastronomia, biologia, artesanato, programação de jogos, conhecimento corporal e exercícios corretivos de postura e sensório-motor.
As aulas foram dadas pelos próprios professores da universidade com o auxílio de alguns estudantes. Assim, ao decorrer das atividades, puderam ser quebradas as barreiras de conceitos pré-produzido pela falta de contato do público com o ambiente universitário. “A atividade é importante para os nossos discentes sentirem que o mundo não é só aquilo que eles estão convivendo, porque, infelizmente, as instituições de ensino não recebem muitos alunos com Síndrome de Down”, disse Deborah Sisti, coordenadora do curso de Gastronomia. Ela explicou também que os docentes precisam estar preparados para a diversidade do público e atender as necessidades de cada turma.
Tanto os conteúdos quanto os materiais utilizados no projeto foram planejados de acordo com o perfil de aprendizagem. Na aula de artesanato, por exemplo, os instrumentos de trabalho foram adaptados para evitar qualquer situação de risco. Ao invés de usarem agulhas, os alunos utilizaram cola para produzir os porta-bombons em formato de coelho de Páscoa e os chaveiros com fuxico.
Outro tipo de adaptação foi na maneira como explicaram os conteúdos. Por meio de comparações com referências do cotidiano, os educadores ilustraram as atividades de forma lúdica, facilitando a assimilação e absorção do conhecimento. Na aula de gastronomia, a estudante da universidade explicou sobre os diferentes tipos de macarrão, citando partes do desenho Ratatouille para que eles identificassem as formas das massas.
Ao final de cada curso, os alunos ganharam certificado de participação. No entanto, para Cláudia Cavalcante, mãe de Henrique Oliveira, 21 anos, o mais importante para seu filho é a interação com outras pessoas e o contato com novas experiências em um ambiente diferenciado. Ela disse que Henrique costuma ficar muito em casa, pois ainda existem poucos métodos de inclusão implantados pelo Estado. “Meu filho terminou o fundamental, mas eu não consigo colocá-lo em um curso, porque ele só fez até o nono ano. Ele está, este ano, sem fazer nada”, explica, ao enfatizar a importância de projetos como o da UNG, que agregam ao conhecimento desses jovens.
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