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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Vacina contra o vírus do HPV: entenda

Segunda dose da imunização é aplicada em meninas de 11 a 13 anos em todo país. Especialistas explicam tabus em torno do assunto

No dia 1.º de setembro, teve início a segunda fase da campanha de vacinação contra o vírus do HPV (papiloma vírus humano) em meninas com idade entre 11 e 13 anos, ofertada gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde), e em escolas públicas e privadas. A segunda dose da imunização é essencial para garantir a proteção contra o vírus.

A vacina aplicada é a quadrivalente e previne contra quatro variáveis do vírus (que tem mais de 100 tipos): o 16 e o 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero; e o 6 e o 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A segunda dose é tomada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço, deverá ser aplicada cinco anos após a primeira dose. A campanha, que teve início em março, atingiu 87,3% do público-alvo em sua primeira fase. A vacinação permanecerá ao longo do ano.

Vírus

Transmitido, principalmente, por meio do contato sexual, o vírus do HPV é responsável por cerca de 95% dos casos de câncer do colo de útero, o segundo tipo mais frequente em mulheres, por isso, a imunização em pré-adolescentes se tornou um meio importante de prevenção. “A vacina atua estimulando a produção de anticorpos no organismo dos indivíduos, então, quanto mais cedo a menina for imunizada, maior é a sua eficácia”, exemplifica Helena Yaeko, docente e atuante na Clínica de Enfermagem da UnG.

Mas, quando se trata de crianças e pré-adolescentes, o assunto torna-se delicado por ser um vírus relacionado ao contato sexual, o que gera preconceitos em torno da imunização e desperta receio nos pais, que, por muitas vezes, preferem não autorizar a aplicação da vacina. Segundo o doutor Rogerio Moreno, ginecologista do Hospital e Maternidade São Luiz, os tabus estão relacionados ao estímulo precoce à prática do sexo, efeitos colaterais e, especialmente, medo do desconhecido. “A maioria dos pais não consegue projetar uma proteção futura da sua filha com uma doença associada ao relacionamento sexual”, afirma.

Eficácia

A eficácia da vacina na faixa etária proposta - de até 90% contra o vírus, segundo estudos - é maior pelo fato de muitas meninas não terem iniciado a vida sexual, ou seja, ainda não estão expostas ao vírus do HPV. “A importância da vacina nessa faixa etária está relacionada à resposta imunológica do organismo, e sua eficácia diminui após a prática do sexo porque existe uma maior prevalência do contato com o HPV”, acrescenta Moreno.

A idade para a imunização contra o vírus foi definida através de pesquisas sobre o início da vida sexual das adolescentes brasileiras. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de uma em cada cinco meninas no oitavo ano do Ensino Fundamental (13 ou 14 anos) afirma já ter feito sexo. A duração do efeito da medicação foi contabilizada em 8 ou 9 anos, mas ainda há dúvidas sobre o período da imunidade a longo prazo. Com o tempo, o governo avaliará o impacto da vacina, medindo a incidência do câncer de colo de útero e o índice de mortalidade da doença.

Efeitos colaterais

Outro fator que preocupa os pais e responsáveis são os efeitos colaterais da vacina, contudo, a imunização é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e usada como estratégia de saúde pública em 51 países. “Mais de 3,4 milhões de meninas foram vacinadas no Brasil durante a primeira fase da campanha, então, estatisticamente falando, a vacina é segura, e algumas reações podem acontecer com qualquer vacina, como a da gripe, por exemplo”, explica o ginecologista.

Vacina

A vacina também é recomendada ao público de 25 a 64 anos, já que as mulheres acima dos 26 anos estão cada vez mais suscetíveis à doença, porém, neste caso, a imunização somente é encontrada na rede privada. Supõe-se que em todo o mundo, quase 300 milhões de mulheres sejam portadoras do HPV. No Brasil, por volta de 685 mil pessoas são infectadas pelo vírus a cada ano e 4.800 mulheres morrem devido ao câncer de colo de útero.

A vacina é importante mesmo que a pessoa tenha contraído o vírus, pois ela permanece sujeita à infecção por outros sorotipos. O doutor Rogerio Moreno explica que as mulheres mais velhas devem decidir sobre a vacina (custo-benefício) junto ao médico, levando sempre em consideração a exposição ao vírus, variedade de parceiros e meios de proteção.

Educação sexual

Vale lembrar que a imunização contra o papiloma vírus humano não dispensa o uso de camisinha durante as relações sexuais, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV nem contra outras doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, o teste de Papanicolau deve ser feito regularmente.

Moreno indica que a educação sexual deve contar com o apoio familiar. É importante a presença dos pais para instruir devidamente o comportamento de suas filhas sobre dúvidas em torno do assunto e orientação sexual, além de temas como bebidas alcoólicas e drogas, que são influentes ao universo do jovem. “O uso de métodos contraceptivos e o comportamento sexual são muito importantes para o combate ao vírus”, finaliza o especialista.

De acordo com o Ministério da Saúde, meninas de 9 e 10 anos também serão vacinadas em 2015. Em 2016, a ação ficará restrita às garotas de 9 anos. A meta é imunizar 80% do total de 5,2 milhões de meninas de 9 a 13 anos no País até o final de 2016.

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