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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pesquisadores indianos ministram palestra na Universidade

Atividade faz parte das ações do projeto de cooperação internacional Brasil-Índia, financiado pelo CNPq e governo indiano
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Portal UnG (1.º/09/2010) – Assim como na economia, outros setores estratégicos vêm ganhando forte investimento na tentativa de fortalecer o desenvolvimento de ações conjuntas entre o Brasil e a Índia. A pesquisa é o mais auspicioso deles.

A UnG e o Birbal Sahni Institute of Palaeobotany, na Índia, sabem bem a importância desse esforço. Desde 2008, pesquisadores de ambas as instituições, com a colaboração da Universidade de São Paulo (USP), desenvolvem estudos em conjunto dentro de um projeto de cooperação internacional financiado pelos governos brasileiro e indiano – por aqui, a iniciativa recebe recursos no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Os estudos, que têm como sede no Brasil o Centro de Pós-Graduação da UnG, são nas áreas de paleobotânica e palinologia. Estão em análise, bacias sedimentares brasileiras e indianas com referência especial a cistos de dinoflagelados marinhos e à flora do Gondwana e suas implicações na distribuição da atual vegetação dos continentes indiano e sul-americano.

O supercontinente Gondwana incluía a maior parte das zonas de terra firme que hoje constituem os continentes do Hemisfério Sul, incluindo a Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Seicheles, Índia, Austrália, Nova Guiné, Nova Zelândia e Nova Caledônia. Esse território foi formado desde o período Carbonífero até o Cretáceo, entre 320 e 120 milhões de anos. “Existe uma relação paleontológica bastante peculiar entre esses continentes”, explica a vice-coordenadora do Mestrado em Análise Geoambiental da UnG, profa. dra. Maria Judite Garcia. “Há muitos vegetais que são encontrados aqui e também na Índia, na África. A proposta central do projeto é justamente analisar e levantar essas semelhanças”, complementa.

Durante a última semana e início desta, dois pesquisadores indianos que encabeçam o projeto por lá, visitaram a UnG e a USP. A dra. Rajni Tewari e o dr. Naresh Mehrotra – atual diretor do BISIP e coordenador pela parte indiana do projeto – apresentaram aos mestrandos e graduandos da Universidade alguns dos estudos já desenvolvidos pelo grupo na Índia. Foram quatro apresentações no Laboratório de Palinologia e Paleobotânica da UnG.

Pouco antes de uma das apresentações, os pesquisadores conversaram com o Portal UnG. Naresh Mehrotra, que faz sua segunda visita ao Brasil, disse ter ficado contente com a recepção. “São pessoas maravilhosas, amigos que nos fazem sentir em casa. Também é preciso elogiar as instalações da Universidade”, disse. O pesquisador ressaltou a importância desse estudo científico para entender as mudanças ocorridas após o Gondwana e os traços que aproximam Brasil e Índia. Salientou, ainda, o fortalecimento de laços entre ambos os países, além da China e da Rússia, nações que compõem o BRIC. ”Nós somos referência em algumas áreas, os brasileiros, chineses e russos em outras. Promover trocas, inclusive de cunho cultural, é importante para o crescimento de todos”, enfatizou Mehrotra.

Pela quinta vez no País, a dra. Rajni Tewari enalteceu a atenção dos alunos no momento das palestras, assim como o envolvimento de estudantes, inclusive de iniciação científica, no desenvolvimento de estudos do projeto. “Nossa ideia é deixar um legado científico para as próximas gerações. Nada mais propício que envolver jovens pesquisadores nessa empreitada”.
Bem humorados, os indianos disseram gostar muito de música brasileira, sobretudo de Dorival Caymmi e Ary Barroso. Também se lembraram do futebol nacional.

Para a professora do MAG, dra. Mary Elizabeth Bernardes-de-Oliveira, coordenadora do projeto pela parte brasileira, a escolha da UnG como sede de um projeto tão grandioso deve-se à qualidade dos estudos desenvolvidos pelos seus pesquisadores, referência no Brasil e no mundo.

Em novembro deste ano, as professoras Mary e Maria Judite irão à Índia participar de um encontro para discutir estudos já desenvolvidos pelo projeto, assim como traçar as próximas metas. A viagem será financiada pelo CNPq e governo indiano.
Segundo o grupo, em breve serão publicados os primeiros artigos científicos abordando dados concretos das pesquisas.
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