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Não, seu leite não é fraco

No Dia Mundial da Amamentação, conheça mais sobre esse superalimento
Por: Camilla de Assis 01/08/2018 - 10:41
Dia Mundial da Amamentação é celebrado nesta quarta (1º)
Dia Mundial da Amamentação é celebrado nesta quarta (1º)
“Seu leite é fraco”. “Você não tem leite suficiente para essa criança, dá logo fórmula”. “O coitado do bebê está chorando de fome! Dá uma mamadeira a ele”. “Mas você ainda amamenta essa criança?”. Essas frases, caras mães e futuras mães, são repetidas constantemente para mulheres que ousam dar o seio, esse órgão cuja única finalidade deveria ser o prazer, para oferecer de alimento para uma criança, um bebê.
 
Nesta quarta-feira (1º), é comemorado o Dia Mundial da Amamentação, data que marca a importância da doação de leite materno para bancos de leite, afinal, muitas mães não conseguem amamentar seus filhos, seja pela falta do líquido, uso de medicamentos, problemas de saúde ou qualquer outro tipo de impedimento.
 

Leite materno e sua importância

Não existe “leite fraco”. “O que leva muitas mulheres a pensar que o seu leite é fraco, por vezes, é o excessivo choro do bebê, que parece querer mamar a toda hora (“Está com fome porque não se sente alimentado”)”, explica a médica. Nessa hora, as mães precisam ter consciência e manter a calma, pois são nestes primeiros meses de vida da criança que o choro é sua única forma de comunicação com o mundo. “O bebê quer mamar a toda hora porque ele está aprendendo a fazer isso. Ele se cansa, para, dorme e, como não mamou tudo o que podia, pede novamente e chora! É assim até ele aprender a dinâmica do mamar”, aponta a professora de Medicina e pediatra Alexsandra Costa.
 
É no composto do leite onde são encontrados diversos tipos de anticorpos específicos para cada criança, de acordo com as necessidades de cada bebê. Além disso, ele também contém substância essenciais para a nutrição adequada dos pequenos. O leite materno apresenta enzimas que criam camadas protetoras dentro, e uma das principais é a IgA secretora, cujo objetivo é compor a mucosa dos aparelhos respiratório e gastrointestinal do bebê, criando um ambiente hostil para os microorganismos aproveitadores que podem causar infecções. Ou seja, o risco de contrair alergias, asmas e infecções intestinais, por exemplo, é bem menor. 
 
O leite materno é um alimento completo e fabricado para cada bebê. O líquido é elaborado dentro do corpo humano com quantidade e tipos de anticorpos específicos de acordo com cada mãe, a depender o ambiente em que ela vive. E é neste ambiente onde também se encontra o bebê, que, por sua vez, também recebe a “vacina” contra os meios externos. 
 

Benefícios para a mãe

Não somente o bebê é beneficiado pelo leite materno, como a mãe também tem benefícios na saúde, quando pratica o ato da amamentação. É por meio dele que as mulheres têm as chances de ter câncer de útero e de mama reduzidas, isso porque a mulher, enquanto amamenta, têm a quantidade de ciclos menstruais reduzidos, consequentemente se afastando dos hormônios que estão relacionados à doença.
 
Amamentar também auxilia na contração do útero, fazendo o corpo da mulher voltar ao normal após a gestação, por meio da produção do hormônio ocitocina. A amamentação em si também ajuda na diminuição do desconforto da mama, já que o acúmulo de leite nas glândulas mamárias podem causar dor, seios endurecidos, aumento da temperatura no local e, em casos de mastite (quando o leite entope as glândulas mamárias), até mesmo febre.
 
Além disso, o processo de aleitamento materno também é uma forma de planejamento familiar, já que a produção hormonal realizada no corpo feminino torna a mulher infértil por um certo período de tempo, pelo menos nos primeiros seis meses, período em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha o aleitamento exclusivo.
 

Ressignificação do aleitamento materno

Muito embora há quem defenda que a amamentação é um ato apenas competente à mãe, o processo do aleitamento materno é muito além disso e se torna uma questão social, até mesmo um ato político. “A gente tem que, agora, fazer uma série de estudos para comprovar que o leite materno é melhor que o artificial, só que o leite materno sustentou nossa espécie há quanto tempo?!", aponta a estudante de Medicina Mayara Araújo. 
 
A futura médica, que é defensora do aleitamento materno, explica, também, que o processo de dar o leite para a criança é difícil para a mãe, que muitas vezes não recebe um apoio adequado para sustentar a amamentação. “A sociedade espera muito da mulher, enquanto outras pessoas pouco se envolvem no cuidado. Ou, quando se envolvem, é mais para dar palpites que às vezes dificultam esse processo”, conta Mayara. 
 
Embora a ação política e de empoderamento feminino seja muito presente no ato da amamentação, não podemos esquecer que o processo é uma relação de protagonismo da mãe com o filho. “A amamentação é um momento de amor e carinho; um momento de união entre a mãe e o filho, que vai ser significativo para o resto da vida da criança. Sabe-se que a as mulheres que amamentam têm uma melhor interação com os filhos, posteriormente. E justamente porque é uma conexão incrível desenvolvida nesse momento, por mais difícil que seja”, assinala Mayara Araújo.
 

"Temos que ser munidas de informações”

A analista de finanças e mãe de Pietro, de 8 anos, Danielle Clericuzi aponta que a melhor forma de uma amamentação de qualidade para a criança é por meio da prévia instrução da mãe acerca do que ela vai ter que lidar quando o bebê precisar do seu seio. “Eu não gosto de dizer pra outra mulher: ‘olhe, você, de fato, tentou amamentar? De verdade?’ Acho que essa sensibilização precisa ser feita antes, temos que ser munidas de informações, de informações reais, precisas, da área…”, explica Danielle.
 
A amamentação é difícil física e emocionalmente, mas Danielle já sabia disso. “Ele nasceu e na maternidade mesmo tive orientação das enfermeiras, que me auxiliaram na pegada (que não é fácil porque você acha que a criança não vai conseguir). É um exercício de muita paciência no começo. A criança fica fácil uma hora mamando, descansa duas, no máximo, e já quer de novo”, relata. “Teve dia de começar a amamentar às 21h e parar às 23h. Faz parte”, completa Danielle Clericuzi.
 
 
No Brasil, de janeiro até hoje, foram doados 104.037,8 litros de leite materno, desses sendo distribuídos 77.940,6 litros. Esse número é correspondente a um total de 87.190 doadoras, que beneficiaram 87.530 bebês. Os dados são da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano

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